Um estudo recente revela que os custos médico-hospitalares para crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, apresentaram um aumento considerável de 32,7% até setembro de 2023. Esse crescimento é mais de quatro vezes superior ao registrado para os idosos e 2,5 vezes maior do que a média geral dos beneficiários dos planos de saúde. O levantamento, intitulado “Análise dos Custos da Variação Médico-Hospitalar de Planos Individuais na Faixa Etária de 0 a 18 Anos”, foi realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e utiliza dados de planos médico-hospitalares individuais.
José Cechin, superintendente-executivo do IESS, destaca que a análise sublinha a necessidade urgente de revisar os hábitos de saúde de crianças e adolescentes, abordando questões como alimentação, atividades físicas e saúde mental. “Se não enfrentarmos esse problema de maneira adequada, podemos enfrentar uma geração futura com sérios problemas de saúde”, afirma Cechin.
O estudo mostra que, em setembro de 2023, a Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que mede o aumento das despesas per capita ao longo de um ano, foi de 32,7% para os jovens de 0 a 18 anos. Em contraste, a VCMH para os beneficiários com 59 anos ou mais foi de 7,8%. Desde 2015, o índice de VCMH para a faixa etária mais jovem sempre superou o da média geral e a dos idosos. No entanto, a partir de 2021, o crescimento dos custos para os mais jovens se intensificou ainda mais em comparação aos outros grupos.
O estudo também identificou um aumento notável nos custos em categorias como Outros Serviços Ambulatoriais (OSA), que incluem atendimentos de fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas. Em setembro de 2023, os custos médios desses serviços cresceram 9%, com a frequência de utilização aumentando em 26,6%. No grupo Terapias, o custo médio subiu 3%, enquanto a frequência de uso cresceu 63,8%. Em contraste, os custos com Consultas e Exames mostraram aumentos mais modestos.
Os pesquisadores levantam a hipótese de que o aumento dos custos está ligado a uma série de fatores, como o aumento da obesidade infantil, exacerbada durante a pandemia, e o crescimento no número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em julho de 2022, a ANS revogou o limite de cobertura para categorias profissionais como fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e fisioterapia, o que pode ter contribuído para o aumento dos custos. Um estudo do IESS revelou que as internações psiquiátricas de crianças com TEA aumentaram significativamente entre 2015 e 2022, com um pico em 2021.
Além disso, o IESS aponta para uma tendência contínua de alta nos custos para a população jovem, com base em uma metodologia internacional de projeção de custos (modelo ARIMA). Isso representa um desafio considerável para os planos de saúde, que operam no princípio do mutualismo, onde beneficiários mais saudáveis subsidiam os custos dos mais idosos e menos saudáveis.
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