Ter um plano de saúde é um dos grandes anseios dos brasileiros. Hoje, cerca de 51 milhões de pessoas possuem algum tipo de convênio médico no país. No entanto, manter esse benefício tem se tornado cada vez mais desafiador. Os constantes reajustes, especialmente nos planos coletivos, que representam 85% dos contratos e cujas regras não são definidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), têm levado muitos usuários a buscar alternativas para continuar com essa proteção.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou um aumento significativo no número de usuários que optam por planos de saúde regionais, em detrimento dos modelos nacionais.

Entre as diferentes modalidades, os planos que abrangem grupos de municípios foram os que mais cresceram, registrando um aumento de 4 pontos percentuais nos últimos 10 anos. De março de 2014 a 2024, a cobertura desses planos passou de 40% para 44%.

Em contrapartida, os planos com cobertura nacional, que oferecem atendimento em todo o Brasil, sofreram uma retração de 3 pontos percentuais, diminuindo de 43% para 40%. A mesma tendência foi observada nos planos que cobrem grupos de estados, cuja representatividade caiu de 6% para 4% no mesmo período.

Tendências do Mercado

A pesquisadora Cristina Helena de Mello destaca que essa é uma tendência clara no mercado. “Geralmente, as contratações de planos de saúde são feitas por empresas. A contratação individual tem se tornado menos comum e facilitada. Portanto, ao observar esse padrão de crescimento nos últimos dez anos, é importante entender que as empresas estão negociando para oferecer o benefício com o melhor custo possível”, comenta.

Ela também ressalta que, dependendo da região, os planos de saúde têm um poder de barganha significativo com os hospitais locais. “Em muitas ocasiões, eles concentram quase todos os atendimentos dos hospitais, que, por sua vez, não conseguem negociar preços de forma vantajosa. Isso pode resultar em custos significativamente menores em algumas regiões, comparado a um plano nacional”, explica.

Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, reforça que a migração para planos regionais é, em grande parte, impulsionada pelo fato de serem mais acessíveis, ou seja, mais econômicos. Ele menciona que a diferença de preços varia bastante entre as regiões, mas, em geral, os planos regionais custam entre 20% e 25% menos do que os nacionais.

Ele acredita que essa mudança pode ser relevante do ponto de vista financeiro. “Para famílias com menor poder aquisitivo, o custo de um plano de saúde pode representar uma parcela significativa do orçamento, às vezes ultrapassando 10% da renda familiar. Se essa família conseguir reduzir seus custos em 20% a 25%, isso pode fazer uma grande diferença no orçamento”, afirma.

O educador financeiro Emerson Santos aconselha que, diante dos aumentos nas mensalidades dos planos de saúde em 2024, os consumidores revisem suas necessidades de saúde e comparem opções de planos com coberturas adequadas e mais econômicas. “Considere também planos com coparticipação, que têm mensalidades mais baixas. Negocie com sua operadora para tentar obter condições melhores, especialmente se você fizer parte de um plano coletivo”, recomenda o especialista.

Especialistas sugerem que, para pessoas que não viajam com frequência e que têm um estilo de vida mais local, um plano regional pode ser uma escolha vantajosa. “Porém, se a frequência de viagens for alta, um plano regional pode não ser o mais indicado”, pondera Corano.

Para quem viaja ocasionalmente, seja a trabalho ou nas férias, a contratação de um seguro-viagem pode ser uma solução para garantir atendimento em caso de emergência.

Cuidados ao Contratar um Plano Regional

O médico Armando Lobato, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Nacional (SBACV Nacional), alerta que a escolha de um plano de saúde deve ser feita com cuidado.

“Acredito que a escolha de um plano de saúde é uma decisão crucial para garantir a qualidade da assistência médica. O estudo do IESS evidencia o crescimento significativo dos planos municipais nos últimos 10 anos, ressaltando a importância de entender bem essa modalidade antes de tomar uma decisão”, destaca.

Para ele, um plano de saúde regional pode ser um importante aliado na redução de custos, mas é essencial que o usuário esteja atento à cobertura oferecida, aos laboratórios, pronto-atendimentos e hospitais que farão parte desse modelo. “Tão importante quanto ter um plano de saúde é garantir que, no momento em que precisar, você terá acesso a um atendimento de qualidade.”

O médico também reforça a necessidade de avaliar a cobertura geográfica, a rede de atendimento, as especialidades médicas cobertas, os serviços de emergência, os reajustes, as carências e, não menos importante, o atendimento ao cliente. Além disso, é crucial que o plano seja administrado por uma operadora confiável e idônea.

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